Mūl Mantra do Jap Jī Sāhib do Gurū Nānak
Reflexões da  Snatam Kaur Khalsa

O Mūl Mantra é um erradicador de sina. Ele remove a sina e altera o destino em direção à prosperidade. – dos Ensinamentos do Siri Singh Sahib Yogi Bhajan (1)
No Século XV em uma cidade chamada Sultanpur no Norte da India, Um jovem homem chamado Nanak adorava se banhar em um rio frio antes de meditar cada manhã. É dito que em uma manhã ele submergiu na água e não retornou à superfície por três dias. Isso era chamado de Jal Samadhi, que é se fundir com o Um na água. Depois dessa experiência, ele passou a ser conhecido como Guru Nanak. Na sua meditação dentro da água houve um processo de auto-eleição, onde o Guru Nanak escolheu se assentar naquele espaço de meditação profundo para se fundir com Deus, ao mesmo tempo que Deus também escolheu Guru Nanak para se assentar ali. No 16º Pauri do Jap Ji, Guru Nanak chama de Pânch Pârâvan, os escolhidos, esse processo de eleição mútua entre Deus e o humano. Naquele espaço profundo de meditação ele chegou a um lugar chamado Sâch Khând ou a “Casa Verdadeira”, como ele conta no 37º Pauri. Essa casa verdadeira foi solidamente estabelecida não apenas no coração e na presença física do Guru Nanak mas também através das recitações sagradas que ele nos deu. E a primeira delas é o Mul Mantra – que inicia o Jap Ji.
Muitas recitações sagradas vieram depois, belos poemas de união com o Divino uma vez que o Guru Nanak cruzou grande parte da India e outras terras próximas, ensinando as pessoas através desses poemas, e através da sua sabedoria e presença divina. Mesmo depois que ele saía de uma vila, permanecia lá uma energia que vivia através desses poemas, e esse foi o nascimento do Shabad Guru, onde o som sagrado tornou-se o professor. Depois que o Guru Nanak deixou o seu corpo, o Guruship passou para nove Mestres vivos que o seguiram, cada um deles contribuindo com ensinamentos únicos e poderosos para a humanidade, cobrindo todo o espectro que vai do santo ao guerreiro. A consciência desses ensinamentos foi honrada, santificada e preservada na poesia sagrada que veio de vários dos Guru Sikhs. O quinto Guru compilou muito desses escritos conjuntamente com escritos de Mestres iluminados das fés Sufi, Hindu e Mulçumana no que ficou conhecido como Adi Granth, ou o texto sagrado original. Quando o décimo Guru se preparava para deixar seu corpo, ao invés de indicar um sucessor humano, ele colocou o Guruship nessas escrituras sagradas, que então passaram a ser conhecidas como o Siri Guru Granth Sahib. Esse corpo de escritos é uma entidade viva e real. Sikhs ao redor do mundo se conectam com essa energia para orientação diariamente. Ele não contém doutrinas ou leis religiosas. Na verdade, o único comando que está nele – lembrando o que dizia o Siri Singh Sahib Yogi Bhajan, está dentro do Mul Mantra, e esse comando é: Jap. Medite! Para compreender como o Siri Guru Granth Sahib funciona como um fluxo de consciência nós precisamos querer experimentá-lo no nosso próprio processo de auto-eleição, na nossa própria capacidade de sentir a sua vibração. Eu me lembro do Siri Singh Sahib Yogi Bhajan nos ensinando que se você quiser compreender todas as 1430 páginas do Siri Guru Granth Sahib, compreenda o Jap Ji. E se você quiser compreender o Jap Ji, compreenda o Mul Mantra. E se você compreender o Mul Mantra, compreenda a primeira palavra no Mul Mantra, que é Ek Ông Kar. Vamos então começar aí, e vamos fazer a partir da auto-experiência e da auto-iniciação, que é o espírito do Guru Nanak.
Permita que o Ek Ông Kar traga você para a consciência que Deus, que é o Um, existe dentro de todos os seres (incluindo você). Talvez como seres humanos o grande desafio que nós enfrentamos é capacidade de se auto-aceitar, de se auto-amar. Saber que Deus está completamente presente em você, que Deus é totalmente você, e que você é totalmente Deus. Você pode se sentir Divino? E aí vamos dar um passo à frente e sentir que essa Divindade existe em todos os seres. Esse é o presente do Guru Nanak.
sâtenam: Verdade é o Nome de Deus. Guru Nanak nos ensina que toda criação emana da vibração do Nome de Deus. Dessa forma, quando o Nome de Deus vibra, nós passamos a existir. O som cria o nome – o “Eu sou”, o Nam. Quando nós entoamos Sat nós vibramos a energia da verdade. Quando nós entoamos Sâtenam, nós estamos entoando, “Eu sou a verdade”, ou “A verdade é a minha identidade”. Nós afirmamos que a verdade prevalece dentro de nós e dentro de todos os seres.
kârâta purâkh: Deus é aquele que faz. Vamos realmente acreditar nisso. Vamos realmente sentir isso. Vamos permitir Deus ser aquele que faz tudo. Vamos dar um passo atrás em relação às nossas vidas, preocupações, precauções e tudo o que está acontecendo nesse mundo e ver tudo como o jogo de Deus. Uau, para mim esse é um sentimento maravilhoso. Sim, nós temos que estar presentes; sim, nós temos que ser reais; sim, nós temos que ser verdadeiros… mas com Deus como o executor de tudo existe há uma luz que prevalece.
nerâbhâ-u: Viver sem medo; nerâvér: viver sem raiva. Não há absolutamente nada errado em sentir medo e raiva. É somente quando nós permitimos que essas energias guiem nossa consciência que nós criamos um problema. Ao contrário essas energias estão ali simplesmente para nos mostrar onde nós precisamos crescer internamente. Na medida em que vamos entoando essas palavras sagradas, nós vamos soltando as amarras do medo e da raiva interna, e assim podemos ver essas energias no sentido real delas. Assim, ao invés de sermos pegos por elas, nós encontramos a rota para cura.
âkal mûrât: a forma que nunca morre. Nós recebemos esse presente incrível do corpo humano que tem o privilégio de carregar a alma. Cada alma está conectada a todas as almas, e em união à Grande Alma Cósmica. Dentro de cada um de nós está essa essência! Quando nós nos vestimos com graça, elegância, em reconhecimento à essa identidade sagrada interna, nós experimentamos a força do âkal mûrât, ou a força que nunca morre.
âjûní: Nós vivemos além da limitação do nascimento e da morte, em contato com essa energia eterna e interna, para que nós possamos viver para deixar um legado e servir o futuro.
sébhâng: Conhecido como a vontade auto-iluminada do seu espírito. Esse é o brilho nos seus olhos e o sorriso interno que trás esperança para o seu dia. Cada um de nós tem essa capacidade, e quando nós exercitamos ela na nossa vontade, nós encontramos o caminho para a nossa alegria e liberdade pessoal
gur prâsad: Essa é a graça do Guru, a mão do Divino que trás liberação para nós. É um toque e uma graça que nós recebemos. Nós somos abençoados. Nós não chegamos até aqui graças a nós próprios, pela vontade dos nossos próprios egos. Uma energia sagrada nos guiou até aqui, e nós reconhecemos que isso existe e continuará a nos guiar ao longo do caminho.
jâp: medite! Vamos seguir esse comando único do Guru Nanak, para meditar com foco, pureza e intenção, mudando nossas estruturas celulares de um estado de desconexão e caos para uma experiência de ressonância divina.

ad sâch, jugad sâch, hé bhí sâch, nanâk hôsí bhí sâch. Deus é verdadeiro. O Espírito é verdadeiro. Essa verdade está totalmente dentro de você! Como o Siri Singh Sahib Yogi Bhajan dizia, “Isso é o que você é. Você é verdade no início, verdade através dos tempos, verdade agora. E você será uma verdade, se você permanecer assim, mas você não permanece. Você quer ser uma outra coisa. Seja o que Deus fez você para ser.” (2)