por SS Gurusangat Kaur Khalsa
A vida não deve ser vivida para se
ter prazer e a vida tampouco se valida no sofrimento.
O “princípio do prazer”, como na
psicologia Freudiana, se resume, de modo geral, ao instinto que nos faz buscar
o prazer e evitar a dor, satisfazendo assim nossas necessidades biológicas e
emocionais. Viktor Frankel, após analisar o comportamento de seus companheiros
prisioneiros em campos de concentração nazista, introduz um viés
existencialista na psicologia. Trata-se do “princípio do significado”, a partir
do qual se busca intensamente o sentido da própria vida.
Como já discutido nesta coluna, a
busca pelo prazer per se nos afasta justamente daquelas preciosas
possibilidades de sairmos de nossa zona de conforto. A busca do sentido como
força motriz nos conduz à avaliar nossa própria existência, de modo a encontrar
algo que a qualifique, o que muda o foco anterior drasticamente, uma vez que
justamente o que anteriormente se gostaria de evitar, dores e agruras, passa a
ser o elemento motivador para nossa superação.
Para nós kundalini yogis, o
princípio da vida é “Jiwan Mukta”: a morte em vida. Neste estado, desafios e
dores, alegrias e prazer pesam igualmente e não criam nenhum tipo de apego ou
interferência. Criam aprendizagens, as quais são utilizadas para que se viva além
da moldura habitual dos impulsos e hábitos. Jiwan Mukta é o princípio da vida
que nos leva a encarar a realidade, seja ela qual for, e a aceitar o
desconhecido, pois justamente neste incógnito habita a fonte de nossa proteção
e inspiração. Quando entregamos nossa energia de ação, nossa inteligência e
nossa vontade na interação com o desconhecido do conhecido, estamos aceitando a
morte aqui e agora, e desta forma transformamos nossos desejos de prazer e
aprovação, ou medo e negação, em combustível para termos coragem e garra de
viver uma vida autêntica e singular.
A busca do prazer ou o evitar do
sofrimento parte de uma premissa improvável, que é a de nos relacionarmos
apenas com o conhecido do desconhecido, neste caso, nós mesmos. Neste modo de
existência, passamos uma vida inteira tentando nos superar e transformar, e ao
final, muitas vezes morremos vazios e murchos no nosso próprio perímetro,
aquele que era apenas conhecido.
Yogi Bhajan compartilhou com seus
alunos dez segredos sagrados para o sucesso em vida, e eu gostaria de
traduzi-los para que vocês os contemplem com calma e sabedoria.
Aprender não é uma fraqueza – Oh
yogi, a vida é uma chance viva sempre…
Se alguém te evita, não evite este
alguém, o alcance – Oh yogi, isso é conhecimento…
Seja o altar e não a alternativa –
Oh yogi, esse é o segredo da prosperidade…
Deixe que seus modos te representem
– Oh yogi, esse é o segredo do sucesso…
Trabalho nunca espera – Oh yogis,
este é o segredo da salvação…
Desculpas e atrasos não evitam as
consequências – Oh yogi, este é o segredo da vitória…
Analisar pros e contras ajuda a
evitar jogos– Oh yogi, este é segredo de ganhar amigos…
Seja um diplomata e um estadista –
Oh yogi, este é o segredo da liderança…
Sua individualidade, suas roupas e
atitude contam – Oh yogi, este é o segredo de seu memorial no coração do outro…
Aja de três modos: ação, apoio,
proteção (inclua relaxamento em lugar seguro) – Oh yogi, este é o segredo da
felicidade na vida…
Abençoado é Guru Nanak, grande
fonte de sabedoria.
Abençoado é Guru Gobind Singh,
grande exemplo de coragem.
Abençoado é Guru Ram Das, grande
senhor dos milagres.
E abençoado é o Khalsa Panth
(Sangat), grande fonte de pureza, piedade e poder.
Abençoados todos, Oh yogi, que
seguem este caminho de sabedoria…
Mantenha-se intacto diante de
qualquer situação. Mantenha sua unidade e você terá paz, fonte de toda
prosperidade. Para isso mantenha sua Sadhana! Respeite Deus em você, reverencie
essa unidade. Você é a parte conhecida de Deus, e Deus é a parte desconhecida
de você. Lembre-se disso em sua Sadhana!
Wahe Guru, Sat Nam.
Belo Horizonte, 7 de Maio de
2014.