Karma Instantâneo

por SS Gurusangat Kaur Khalsa



Yogi Bhajan mencionou e advertiu a todos sobre as peculiaridades da Era de Aquário desde o início de seu trabalho no ocidente. Uma das coisas que mais me fascinou era sua abordagem sobre karma. Eu, avessa que era a qualquer tipo de clichê, escutei atentamente e reconheci logo que aquele professor era inconvencional o suficiente para garantir que jamais em suas aulas usaria de um pensamento comum, tampouco diria algo apenas para agradar aos seus alunos.

Sobre Karma, ele dizia com muita propriedade que “se você não quer consequências, não inicie sequências”. Agora, olha bem para essa definição, ela é espantosa porque guarda, com mesmo poder e aconchego, duas ideias paradoxais. A primeira delas é aquela que afirma que, fatalmente, nossos atos engendram consequências, o que corresponde literalmente à teoria universal do karma que se encaixa perfeitamente na Lei de Newton — ação e reação opostas e de mesma intensidade –, e que, ao mesmo tempo, transporta o karma desse lugar popular para inseri-lo em local muito mais real e prático. Essa noção afugentava a todos, pois ninguém, em sã consciência gostaria de adquirir karma. A segunda afirma ser impossível não se adquirir karma, a menos que estejamos interessados em passar nossas vidas em estado vegetativo, e olhe lá.

Este paradoxo me fascina, porque explica a questão de forma escancarada e nos coloca sempre diante do fato de que a vida se assenta no paradoxo e que ele se reproduzirá em tudo porquanto durar nossa originalidade.

Sabendo eu que não quero adquirir karma, mas, ao mesmo tempo, não podendo viver no limbo da inoperância, aceito que cada ação e cada pensamento meus criaram uma sequências que dão fruto a consequências, e, portanto, concluo que estarei sempre adquirindo karma, querendo ou não. Contudo, descubro, graças à Deus, que existe uma diferença qualitativa no karma que adquiro. O que define a qualidade das tais consequências é a qualidade da frequência, ou seja, a intenção com a qual coloro as minhas sequências. Por isso, karmas não são necessariamente um déficit na sua conta bancaria espiritual. Podemos acumular karmas que são bônus, muito utéis no momento que cumprimos nosso contrato de alma. Ah, isso é muito bom. Determinados tipos de karma são aqueles que criam tamanha radiância à nossa volta, que nos dão vigor e força para caminhar pelas rotas do nosso destino e desfrutar das realizações inéditas de nossa alma — porque a alma também não suporta clichês.

Uma coisa ainda é bom falar. Yogi Bhajan costumava dizer que na Era de Peixes as sequências que iniciávamos trariam consequências num prazo bem alargado de tempo, numa média de até um ano e meio. Mas, na Era de Aquário isso acabaria, e que estaríamos diante do que ele chamava de Karma Instantâneo.

Isso é um alerta importante, pois ninguém gostaria de rejeitar um bônus espiritual entregue imediatamente após uma ação consequente e elevada. O problema são os outros karmas…




Wahe Guru, Sat Nam!