COMUNICAÇÃO
CONSCIENTE
Texto retirado do abaky.org.br
“Comunicação é
um dom para se conhecer.
Comunicação é
um dom para se entender.
Comunicação é
um dom para a realização.
Se você não
usar a comunicação para essas três coisas,
é melhor você
se calar e não conversar.”
Yogi
Bhajan
Hoje,
mais do que em qualquer outra época, percebemos tamanho impacto da comunicação
nas nossas vidas. Ela é, de fato, o veículo que nos conecta com pessoas e
instituições, grupos e ideias, crenças e hábitos, e, até mesmo, com nossos
propósitos e nossa vitalidade. Sabemos que a nossa própria humanidade é
caracterizada pela interação e, na época em que vivemos, essa interação é
intensa, veloz e muitas vezes rasa. "Tempos líquidos", na expressão
certeira (e já calejada), de Zygmunt Bauman.
O ser
humano tem na linguagem a sua forma efetiva de criar conexões e laços - ou de
desfazê-los. Mas de que maneira essa capacidade criativa da comunicação
acontece? Nossa postura (física e moral) comunica o tempo todo quem somos ou
escolhemos ser. "Em Kundalini Yoga, consideramos que a comunicação é tudo.
Nós criamos o mundo através da comunicação" [1]. Portanto, compreender a
comunicação e estar cada vez mais consciente dela é uma forma – tão desafiante
quanto rica – de estabelecer uma relação mais verdadeira e original consigo,
com outras pessoas e, de modo amplo, com a vastidão da própria vida.
"O
propósito da comunicação é descarregar o seu eu inteiro, direta e
completamente. O modo da comunicação consciente fazer isto é com consciência,
gentileza e sem medo." [2]
Qualificar
suas palavras, bem como os elementos não-verbais da sua comunicação, estimula a
vitalidade e a clareza e traz para você uma projeção de confiança, inspiração,
nobreza e compaixão. Do contrário, se a comunicação é inconsciente e reativa, a
palavra se esvazia, perde o foco e pode gerar dúvidas e emoções, como
desinteresse, indiferença, medo e, até, raiva. Na comunicação consciente, você
de modo algum está isolado, como emissor de uma mensagem: você está integrado
ao outro, atento à perspectiva que ele traz.
Frequentemente,
a comunicação é falha porque essa escuta não é trabalhada; isso inclui as
“palavras não ditas”. Para alcançar o coração do outro na comunicação, é
preciso abrir-se para a percepção consciente de si e desse outro, aprendendo a
escutar, a permitir se corrigir e a incentivar o ajuste do outro, e manter-se
em equilíbrio diante do confronto, sempre qualificando suas próprias palavras e
sob controle das suas próprias reatividades (muitas vezes instantâneas e
inconscientes).
Yogi
Bhajan reconhece alguns princípios valiosos que nos norteiam em toda
comunicação. São as chamadas Regras da Comunicação Consciente, comentadas
abaixo:
1 1. Entregar a cabeça: Aprender a ceder, a reconhecer a
perspectiva do outro, sem se colocar como “dono da razão”; e não criar
justificativas ("As justificativas são auto-abusos", Yogi Bhajan; “A
justificativa é o decreto da pobreza espiritual”, Gurusangat Kaur; e “a
rendição é doce”, Siri Sahib Singh).
2 2. Lei do Silêncio: Aprender a silenciar e a permitir os
momentos em que o silêncio é o elemento que instaura a compreensão, em si e/ou
no outro. Não viver como um pregador.
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3. Criar uma ressonância (empatia) com o ouvinte:
Aprender a cultivar o espaço com seu ouvinte é garantir a ele um relaxamento
para ser autêntico. Esse relaxamento somente se tornará possível se ele sentir
que não há julgamento na escuta.
4 4. “Comunicação consciente não tem a ver com o que você
sente, com o que você sabe ou com o que você quer. É uma ciência, é uma arte.
Para alcançá-la, você primeiro precisa entender o outro”, Yogi Bhajan.
5 5. Sair do conhecido e ir para o desconhecido: esse
desconhecido, no caso, é sempre o outro. É preciso estar disposto a conviver,
ceder e conciliar. Não partir da garantia que se conhece o outro, que ele seria
previsível, que suas ações e intenções são evidentes para você e para ele
mesmo.
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6. Criar duas unidades: a) entre a inteligência aplicada
e a consciência, e b) entre a cabeça e o coração. É permitir um fluxo maduro
entre a racionalidade e a emoção, sem excluir uma ou outra.
A maior
parte de nossos desgastes, de perdas de energias e de atritos em nossas
relações se deve a uma comunicação mal conduzida. "Quando nos comunicamos
num estado muito emotivo, com muita frequência nós não nos escutamos".
"Vocês devem compreender o tipo de vibração e o tipo de terremoto que
vocês trazem para sua comunicação", já dizia Yogi Bhajan. Por isso,
enquanto não interrompermos nossa necessidade (baseada nos medos e nas
inseguranças) de ter razão, nossa comunicação nunca fará sentido.
Nossas
palavras carregam muita energia e criam realidades. Quando nós aplicamos nossa
inteligência numa situação de conflito de interesses, nesse momento, nos
tornamos capazes de conter nosso impulso primal de defesa e de sobrevivência e
conseguimos, de fato, acessar o assunto sem medos, abrindo um espaço em que o
outro possa entrar e se sentir confortável. Comunicar conscientemente é,
portanto, a porta de acesso do seu ser autêntico. É não se render à
conveniência das circunstâncias, nem à sedução de impressionar alguém; tampouco
ao imperativo egóico de ficar bem na fita. Aquele que se comunica
conscientemente não tece jogos de interesses, não manipula com fofocas e não
estende redes de medo e drama sobre o outro. Comunicar conscientemente é ter o
coração compassivo, projetando o melhor de si para construir juntos,
sustentando propósitos e elevando a todos.
"O
segredo do sucesso, do viver de maneira efetiva, e o segredo da existência
coordenada e cheia de sucesso é trazer os céus para a terra. Traga os céus para
enfrentar os desafios da terra. Você nunca, jamais perderá. Perder não é
possível. No momento em que você enfrenta a terra com a terra, você cria uma
tempestade de areia. No momento em que você traz os céus para enfrentar a
terra, tudo florescerá, haverá vida e frescor", Yogi Bhajan
Referências:
[1) 3HO. Conscious Communication.
https://www.3ho.org/3ho-lifestyle/conscious-communication
[2] KRI: Kundalini Research Institute. Treinamento
Internacional de Professor. Nível 2: Comunicação Consciente. 2009.